A internet, tal qual conhecemos hoje, surgiu com o intuito de ultrapassar as barreiras físicas que impediam o compartilhamento de informações. Foi durante a década de 1960, em meio à Guerra Fria, que os Estados Unidos sentiram a necessidade de criar uma rede segura, a qual diversas pessoas autorizadas poderiam acessá-la caso um ataque acontecesse de forma repentina.
Hoje, com 51% da população mundial conectada — de acordo com um estudo realizado pela União Internacional de Telecomunicações, em 2018 — os desafios para garantir que as informações possam ser acessadas por mais pessoas são, principalmente, estruturais.
Um relatório desenvolvido pela BigData Corp., conjuntamente ao Movimento Web Para Todos (MWPT), indicou que, em 2019, menos de 1% dos sites brasileiros eram realmente acessíveis para pessoas com deficiência. Grande parte do problema, de acordo com estudo, era resultado de questões com o desenvolvimento e infraestrutura do próprio portal.
“A acessibilidade é essencial, tanto para desenvolvedores quanto empresas que desejam oferecer seus produtos com qualidade. Ela está disponível de forma que é possível integrar aos projetos, basta se preocupar em projetar um site que consiga atender todo mundo”, afirma Gabriel Piovesan, desenvolvedor na Studio Visual.
Web para todos
Se, desde o seu surgimento, a ideia da internet era possibilitar um acesso menos centralizado às informações, com a Web — World Wide Web — esse conceito foi ampliado. “O poder da Web está em sua universalidade. Acesso para todos, independente de deficiência, é um aspecto essencial.”, afirmou Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web, em um de seus pronunciamentos mais reproduzidos.
Com o desafio de garantir que mais pessoas, independente de suas diferentes deficiências, possam acessar aos meios digitais, surgiu a Web Accessibility Initiative. A iniciativa, proposta pelo World Wide Web Consortium (W3C), busca profissionais e companhias que possuam interesses e habilidades para ajudar a tornar a Web mais acessível para todos.
Uma das aplicações dessa união foi o conhecido Web Content Accessibility Guidelines (WCAG), que oferece diretrizes sobre uma produção de conteúdo mais acessível para as plataformas digitais, aportando o trabalho de desenvolvedores, designers e diversos outros profissionais. Com uma versão 2.2 prevista para 2021, o guia classifica projetos de acordo com os padrões de acessibilidade, considerando os níveis: A, AA e AAA.
A Studio Visual e os projetos acessíveis
Apesar da acessibilidade ser uma prática que sempre permeou os trabalhos da Studio Visual, foi em 2019 que a empresa assumiu um projeto voltado especialmente para um site acessível. A proposta, que representava um grande desafio na época, ultrapassou os códigos do desenvolvimento e alterou a cultura interna da empresa.
A partir do briefing fornecido pelo cliente, que exigia o máximo de acessibilidade possível, surgiu a necessidade de aprofundar pesquisas e criar uma documentação única. Baseado tanto nas diretrizes do WCAG quanto em ferramentas que possibilitam o teste das aplicações feitas, o documento foi um passo importante para definição das estratégias que viriam a seguir.
A dedicação nessa metodologia garantiu não apenas as primeiras definições do projeto, como também transformou a forma com que a equipe de desenvolvimento enxergava os processos de trabalho.
“Muitas vezes me deparava com falhas de acessibilidade, apontadas por nossa ferramenta de teste, e tinha que ir atrás para entender qual era exatamente o problema, além de compreender por que ele era um problema”, contou Gabriel Piovesan, desenvolvedor na Studio Visual.
Os estudos para o projeto também exigiram que diferentes partes da equipe buscassem soluções conjuntas, como no caso da avaliação de cores que tinham níveis de contraste variáveis e não atendiam as diretrizes WCAG. Para isso, foi necessário que os designers da Studio Visual atuassem ativamente na avaliação de diversos componentes que, por fim, tiveram estruturas e cores alteradas.
“Com o trabalho em conjunto a partir da documentação criada, conseguimos encerrar os processos de desenvolvimento da homepage que, até hoje, é considerada acessível dentro dos critérios WCAG.”, completou Piovesan.